Autocuidado é o conjunto de atitudes e práticas adotadas por uma pessoa para manter e promover sua própria saúde física, mental e emocional. Gustavo Khattar de Godoy, médico especialista, explica que embora muitas vezes associado apenas a hábitos como alimentação saudável e exercícios físicos, o autocuidado vai além: envolve reconhecer limites, buscar apoio quando necessário, e tomar decisões conscientes sobre seu bem-estar.
Na medicina contemporânea, o autocuidado deixou de ser um conceito complementar e passou a ser um componente fundamental na prevenção de doenças e na melhoria da qualidade de vida. Quando médicos e pacientes atuam em parceria, promovendo autonomia com responsabilidade, os resultados em saúde são mais eficazes e sustentáveis a longo prazo.
A medicina tradicional estimula ou limita o autocuidado?
Conforme elucida o doutor Gustavo Khattar de Godoy, historicamente, a medicina foi construída em torno de uma lógica mais paternalista, em que o médico detinha todo o conhecimento e o paciente era um receptor passivo das orientações. Essa abordagem, embora eficaz em situações agudas ou cirúrgicas, pode limitar a autonomia do indivíduo em sua jornada de saúde.

No entanto, com o avanço da medicina preventiva e do modelo de cuidado centrado no paciente, esse cenário tem mudado. Hoje, cada vez mais profissionais entendem que incentivar o autocuidado — com orientação técnica e apoio emocional — é uma forma poderosa de empoderar o paciente, melhorar a adesão aos tratamentos e fortalecer os laços de confiança entre médico e paciente.
Como o autocuidado contribui para a prevenção de doenças?
Muitas das doenças crônicas mais prevalentes na sociedade, como diabetes, hipertensão e obesidade, estão fortemente ligadas a hábitos de vida. Nesse contexto, o autocuidado se torna um aliado estratégico da medicina preventiva. Quando o paciente adota práticas saudáveis — como alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas, sono de qualidade e manejo do estresse —, ele reduz significativamente os riscos de adoecer.
O médico é uma figura-chave na promoção do autocuidado, pontua o Dr. Gustavo Khattar de Godoy. Sua função não se resume a prescrever medicamentos, mas também a educar, escutar e orientar. Ao compreender o contexto de vida do paciente — suas rotinas, crenças, dificuldades e motivações —, o profissional pode indicar estratégias de autocuidado mais realistas e personalizadas.
Como a saúde mental se relaciona com o autocuidado?
A saúde mental é uma dimensão central do autocuidado, e muitas vezes negligenciada. Segundo o doutor Gustavo Khattar de Godoy, o bem-estar emocional influencia diretamente a capacidade de uma pessoa manter hábitos saudáveis, seguir tratamentos médicos e lidar com situações adversas. Práticas como a meditação, a terapia, a escrita terapêutica, o descanso adequado e o cultivo de relações saudáveis fazem parte de um autocuidado emocional que se reflete na saúde física.
Com o avanço da tecnologia, novas ferramentas estão facilitando a prática do autocuidado e também o acompanhamento médico. Aplicativos de saúde, relógios inteligentes, plataformas de telemedicina e programas de monitoramento remoto permitem que pacientes acompanhem sinais vitais, rotinas de medicação, níveis de estresse e metas de bem-estar. Esses dados, quando compartilhados com os profissionais de saúde, ajudam na personalização dos tratamentos e na tomada de decisões clínicas.
O futuro da medicina passa pela valorização do autocuidado?
Sem dúvida. Para o médico Gustavo Khattar de Godoy, o futuro da medicina será cada vez mais colaborativo, e o autocuidado é uma peça-chave nessa evolução. Com o envelhecimento da população, o aumento de doenças crônicas e os desafios dos sistemas de saúde, torna-se essencial promover um modelo de cuidado que envolva mais participação ativa do paciente. Por fim, a medicina do futuro não será apenas curativa, mas sobretudo preventiva, educativa e integrada.
Autor: Parga Kaveron