Nesta segunda-feira, o mercado de criptomoedas enfrentou uma forte queda, com o Bitcoin e outras grandes criptomoedas registrando desvalorizações significativas. A maior criptomoeda do mundo viu seu valor recuar cerca de 4%, sendo negociada a aproximadamente US$ 96.038. Essa movimentação no mercado é uma resposta direta às novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos provenientes da China, Canadá e México. A situação gerou um clima de aversão ao risco entre os investidores, que se mostraram cautelosos diante das incertezas econômicas.
A desvalorização do Bitcoin pode parecer contraditória, uma vez que a inflação elevada geralmente favorece a criptomoeda, que é vista como uma proteção contra a perda do poder de compra das moedas tradicionais. No entanto, analistas do Bernstein explicam que as novas tarifas fortaleceram o dólar e aumentaram as expectativas de inflação, o que, por sua vez, reduziu a probabilidade de cortes de juros no curto prazo. Essa combinação resultou em um aperto na liquidez global, pressionando ativos de risco, incluindo as criptomoedas.
Os analistas destacam que, no curto prazo, os mercados de Bitcoin e criptoativos mantêm uma correlação com ativos de risco. Durante os finais de semana, o mercado de criptomoedas funciona como um termômetro para o apetite ao risco dos investidores. Assim, a liquidação observada não é surpreendente, considerando o cenário econômico atual e as incertezas geradas pelas tarifas de Trump. Essa dinâmica reflete a interconexão entre o mercado de criptomoedas e as condições econômicas globais.
Embora a correlação com ativos de risco se mantenha no curto prazo, o histórico do Bitcoin demonstra sua resiliência e valorização ao longo do tempo. Especialistas afirmam que, apesar das quedas momentâneas, o Bitcoin tende a se valorizar, especialmente em um contexto de aumento das dívidas e déficits governamentais. Esses fatores levam à desvalorização das moedas tradicionais, o que pode reforçar a posição do Bitcoin como uma reserva de valor.
Os investidores estão atentos ao nível de suporte em US$ 90.000 para o Bitcoin, e alguns analistas alertam sobre a possibilidade de um recuo ainda mais profundo em direção a US$ 80.000, caso a criptomoeda caia significativamente abaixo desse suporte. Atualmente, o Bitcoin está cerca de 16% abaixo de seu recorde histórico de US$ 109.350,72, alcançado em 20 de janeiro. Os traders experientes em criptomoedas estão acostumados a correções de cerca de 30% durante os mercados em alta, mas a atual situação pode indicar um cenário mais desafiador.
O Bernstein prevê que, após a volatilidade inicial, o Bitcoin voltará a se movimentar com base em seus próprios fundamentos. A criptomoeda tem encontrado suporte na faixa superior dos US$ 90 mil, mesmo após quedas sucessivas, impulsionada pela forte demanda institucional. Em janeiro de 2025, os ETFs de Bitcoin registraram uma entrada líquida de US$ 5,3 bilhões, alinhando-se com a projeção anual de aproximadamente US$ 70 bilhões em fluxos de capital para esses produtos.
Enquanto isso, a Microstrategy, uma das principais empresas de investimento em Bitcoin, manteve sua estratégia de acumulação, adquirindo cerca de US$ 2,5 bilhões em Bitcoin. A empresa também emitiu US$ 584 milhões em ações preferenciais perpétuas, que provavelmente serão utilizadas para novas compras do ativo. Esses movimentos indicam que, apesar das incertezas, há um otimismo subjacente em relação ao futuro do Bitcoin e seu papel no mercado financeiro.
Por fim, a administração Trump vê os criptoativos como parte de sua estratégia econômica. Embora o mercado ainda avalie com ceticismo as iniciativas ligadas ao Dogecoin, o governo pretende adotar medidas para conter a inflação, incluindo a ampliação da produção de energia. Mesmo que o déficit fiscal seja reduzido, os EUA continuarão enfrentando um alto nível de endividamento, o que reforça o papel do Bitcoin como reserva de valor. A expectativa é que, em resposta às tarifas comerciais, governos estrangeiros aumentem suas reservas de ouro e considerem investir mais em ativos como o Bitcoin para mitigar riscos econômicos e tensões financeiras geopolíticas.